Memória e literatura infantil: a permanência das leituras da infância - Editora Peirópolis

Memória e literatura infantil: a permanência das leituras da infância

Ana Carolina Carvalho

Capa do livro Suriléa, mãe-monstrinha, com fundo rosa-claro e moldura verde-água simulando um quadro pendurado. No centro, uma ilustração simples e colorida mostra três personagens abraçados com expressão feliz: uma figura central com corpo branco e cabelo alto rosa (Suriléa), abraçada por duas crianças, uma de cabelo rosa ondulado e outra de cabelo azul liso. Um pequeno gato amarelo aparece no meio do abraço. O título está em letras grandes rosa na parte superior e o subtítulo “Mãe-monstrinha” em letras pretas desenhadas à mão. Abaixo, os nomes das autoras: Lia Zatz e Rosinha. No canto inferior direito, o logotipo da Editora Peirópolis.

Nos anos 1980, Lia Zatz apresentou ao público infantil uma personagem inesquecível: Suriléa mãe-monstrinha. A história, publicada com ilustrações de Eva Furnari, conquistou leitores ao tratar com humor e ternura de temas muito próximos da vida familiar, como o ciúme entre irmãs, as disputas pela atenção da mãe, os desafios da maternidade. Quase quatro décadas depois, a Editora Peirópolis celebra esse clássico com uma nova edição, agora ilustrada por Rosinha, que reinventa a imagem da personagem e a aproxima de uma nova geração de leitores, mantendo a graça e pequenas pitadas de surrealismo, que ampliam o jogo entre o cotidiano e o inesperado.

Reeditar obras da infância não é apenas trazer de volta um livro esgotado. É reativar memórias, devolver ao presente uma parte importante da experiência leitora de uma geração. As histórias que conhecemos na infância permanecem conosco como marcas afetivas e culturais: são lembradas, recontadas, revisitadas. Muitas vezes, ao relermos esses livros já adultos, encontramos novas camadas de sentido, porque eles falam não apenas com as crianças, mas com quem fomos e com quem nos tornamos.

É por isso que determinados livros não se apagam. Eles atravessam décadas, ganham novas edições e formatos, acompanham mudanças gráficas e estéticas, mas permanecem vivos no imaginário coletivo. Foi assim com Marcelo, Marmelo, Martelo, de Ruth Rocha, que desde os anos 1970 segue encantando leitores; com O Menino Maluquinho, de Ziraldo, que há mais de quarenta anos se reinventa em edições, adaptações e leituras; ou ainda com obras que se tornaram clássicos universais, como O Pequeno Príncipe ou Alice no País das Maravilhas, que não cessam de ser traduzidas, relidas e reinterpretadas.

É nesse movimento que Suriléa retorna. Mas o seu caso é ainda mais especial: além de revisitar a mãe-monstrinha, agora também conhecemos Suriléa avó-monstrinha. A personagem cresceu, amadureceu, ganhou novas dimensões, como se seguisse os passos de seus leitores. Quem leu Suriléa nos anos 1980 hoje é adulto, talvez já pai ou mãe, alguns até avós. A literatura infantil, nesse sentido, revela uma de suas maiores forças: a de acompanhar o percurso da vida, permitindo que livros da memória sejam transmitidos a filhos e netos, criando um elo entre gerações.

Capa do livro Suriléa, avó-monstrinha, com fundo rosa-escuro e moldura azul-clara simulando um quadro pendurado. No centro, a ilustração mostra seis personagens sorridentes, reunidos em um retrato de família: Suriléa aparece ao centro, usando cabelo rosa claro adornado com faixa azul, cercada por crianças com cabelos coloridos — rosa, loiro, azul e laranja. No canto inferior direito, aparece um gatinho amarelo com expressão curiosa. O título está no topo, com “Suriléa” em rosa-claro e “avó-monstrinha” em letras pretas desenhadas à mão. Na parte inferior, os nomes das autoras Lia Zatz e Rosinha, além do logotipo da Editora Peirópolis.

Assim, a nova Suriléa chega com dupla vocação: é reencontro e descoberta. Para os que já a conheciam, é como rever uma amiga de infância, com a emoção de apresentá-la a uma nova geração. Para as crianças de hoje, é a chance de entrar em contato com uma personagem que atravessou o tempo e continua atual.

Reeditar clássicos da infância é, portanto, celebrar a permanência das leituras que nos acompanham por toda a vida. É reconhecer que certos personagens e histórias se tornam parte de nós e podem crescer conosco. Suriléa-mãe e avó-monstrinha são exatamente isso: prova viva de que a literatura infantil não envelhece, mas se reinventa, guardando a memória e abrindo espaço para o futuro.

Para os novos (e antigos) leitores:

Vamos conversar?
  • Qual é a história mais antiga de que você se lembra de ter ouvido? Foi uma história contada de boca ou lida em um livro?
  • Quem te contou ou leu com você essa história antiga?
  • Você acha que a história de Suriléa mãe-monstrinha tem coisas parecidas com a sua vida? O quê?
  • Você já quis que sua mãe ou outra pessoa que cuida de você tivesse mais do que dois braços, duas pernas e uma cabeça?
  • O que você achou de a Suriléa ter virado avó? Imaginava que isso pudesse acontecer com uma personagem? Ficar mais velha, virar avó?
  • Achou Suriléa engraçada? O que mais te divertiu nas histórias?
  • Quando ilustrou a primeira edição de Suriléa, Eva Furnari resolveu desenhar um gato que acompanha as aventuras da personagem principal e suas duas filhas, Margarida e Violeta. Nesta nova edição, Rosinha mantém a presença de um felino (ou seria uma felina?), mas traz novidades. Você consegue descobrir que novidades são essas?
  • Se fosse indicar os livros da Suriléa para algum amigo ou alguma amiga, o que você diria?

Leia a entrevista com as autoras Lia Zatz e Rosinha

Add Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Olá! Preencha os campos abaixo para iniciar a conversa no WhatsApp

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com