I-Juca Pirama em quadrinhos: PNLD 2020
O poema épico de Gonçalves Dias, em uma versão em quadrinhos, assinada pelo quadrinista Laerte Silvino, resulta em um exemplar que permite a consolidação de dois gêneros literários: o poema e a história em quadrinhos. O grande destaque da obra reside no projeto gráfico editorial, que demonstrou bastante interação com o quadrinista na elaboração da obra. O texto original foi mantido e os versos consolidados nos quadrinhos, garantiram o ritmo e musicalidades evocados pelo poema. A obra constitui-se num exemplar de qualidade na formação do leitor literário, oportunizando a discussão de temas, como as visões apresentadas na obra e as representações dos indígenas nas obras literárias, em especial, no romantismo brasileiro.
Este livro foi selecionado para o PNLD 2020 na Categoria 2 (Obra literária voltada para estudantes do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental), com os temas: sociedade, política e cidadania; diálogos com a história e a filosofia. Sendo do gênero de livros de imagens e livros de histórias em quadrinhos.
O livro I-Juca Pirama em quadrinhos integra a Coleção Clássicos em HQ. O poema, escrito em 1851 pelo famoso poeta do Romantismo Gonçalves Dias, é mantido integral nessa versão HQ do quadrinista Laerte Silvino com o objetivo de preservar o ritmo e a musicalidade excepcional desse poema épico indianista. Dividido em dez cantos com versos decassílabos, a obra retrata o drama do grande guerreiro tupi ao ser capturado pela tribo dos índios Timbira.
De acordo com os costumes da tribo, o guerreiro aprisionado deve submeter-se ao ritual antropofágico do povo inimigo, momento em que a sua força e coragem são transmitidas aos seus captores pela carne devorada. No entanto, ao se lembrar de seu pai envelhecido, cego e perdido na floresta, o índio chora, transformando seu canto de morte em canto de amor, rompendo a tradição. Desprezado pelo inimigo por sua covardia, é libertado.
Mais do que uma história da tradição indígena, a obra imortaliza-se por tratar de um tema universal: a relação entre pais e filhos e a preservação de valores. “Não escolhi transpor ‘I-Juca Pirama’ para os quadrinhos só por ser um belo poema; escolhi-o também por seu caráter histórico, que para mim se apresenta muito atual. Trata-se de uma obra que fala de bravura, coragem e honra: valores que muitos consideram esquecidos, mas que ainda vejo presentes não só em muitos de nós, mas também nos índios que restaram e seguem lutando pela sobrevivência de sua cultura”, afirma Silvino.
Os desenhos de Silvino são reveladores. A cor da mata é ligeiramente alterada de acordo com o canto do poema. O texto, que é um exemplo da exploração do ritmo e da musicalidade como um recurso de expressão artística, teve o tamanho de seus versos completamente preservado na versão em quadrinhos. “Quando lido em voz alta, é capaz de nos fazer ouvir o som dos tambores que preparam o ritual do sacrifício”, avalia o professor Maurício Soares Filho no prefácio do livro.
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