Gabriela Romeu e as culturas das infâncias - Editora Peirópolis

Gabriela Romeu e as culturas das infâncias


Gabriela Romeu é 
jornalista, documentarista e escritora, especializada em produção cultural para infância, com vinte anos de atuação em projetos que abordam temáticas infantis e desenvolvidos em diferentes plataformas, como livros, documentários, sites e exposições.

Há 15 anos escreve sobre e para crianças no jornal Folha de S.Paulo, onde editou o caderno Folhinha, produziu diversas reportagens sobre as realidades infantis do Brasil e criou o premiado Mapa do Brincar. O site reúne hoje 750 brincadeiras de todo o país. A primeira versão do projeto foi lançada em maio de 2009, quando convidou crianças de todo o país a contar quais são suas brincadeiras. Um dos objetivos era descobrir se há semelhanças e diferenças entre o brincar no Brasil.

Atualmente dirige o Projeto Infâncias, que “levanta questões como ‘O que é ser criança?’, ‘Como vivem e o que pensam as crianças?’, ‘Como elas exercitam sua infância?’. Destaca a diversidade de saberes, fazeres, vivências e experiências relacionados a esse período. Com um registro focado nos cotidianos infantis, compõe pequenos inventários de rituais, hábitos e costumes, tradições, encantarias, cantigas, brinquedos, brincadeiras, valores míticos e lendas ligados ao universo das crianças pelos muitos Brasis”, com Marlene Peret, Michelle Antunes, Samuel Macedo, Vanessa Fort, Gabriella Mancini.

É autora e coautora de livros que criam pontes entre diferentes realidades infantis, como Terra de cabinha – Pequeno inventário da vida de meninos e meninas do sertão (Peirópolis; Prêmio Jabuti, FNLIJ e Cátedra Unesco), Tutu-moringa, história que tataravó contou (Companhia das Letrinhas),  Álbum de família – Aventuranças, memórias e efabulações da trupe familiar Carroça de Mamulengos (Peirópolis), Lá no meu quintal (Peirópolis), Menininho (Panda), Irmãs da chuva e Noite de brinquedo, o mais recente, ambos pela Peirópolis.

 

TERRA DE CABINHA

Cabra da peste, cabrinha, cabinha: assim é conhecida a criança que vive no Cariri, um sertão verde, quase um oásis, em meio ao semiárido brasileiro, que cobre quatro Estados do nordeste: Ceará, Pernambuco, Piauí e Paraíba. Terra das pinturas rupestres, do Padre Cícero, do poeta Patativa de Assaré, lugar em que menino vira rei, caça jumento e foge de encantados, o Cariri se destaca, na extensa pesquisa sobre a infância conduzida por Gabriela Romeu em todo o Brasil, como um delicado relicário: um lugar em que o brincar traz muitos outros sentidos que podem passar desapercebidos para muita criança e gente grande da cidade.

Terra de cabinha – Pequeno inventário da vida de meninos e meninas do sertão é um livro que pode ser lido de muitas maneiras diferentes: um diário de viagem pelo sertão do Cariri cearense; inventário que apresenta bens culturais e artísticos dessa região brasileira; como registro etnográfico em diferentes linguagens (jornalística, poética, fotográfica, audiovisual e plástica); almanaque contendo diversos gêneros textuais que informam, divertem e surpreendem, simultaneamente.

Traz histórias, causos, brincadeiras, receitas, versos e adivinhas. Aqui você ouve a voz do cabinha, dos mestres e contadores de histórias, e também da pesquisadora visitante, que registrou num caderninho as coisas mais interessantes a respeito de como vivem aqueles meninos e meninas para quem o mundo é feito de castelos, árvore é brinquedo e assombração existe, sim, senhor. Como lembra a autora, trata-se de um livro para se ler de dia, reler de noite – ou vice-versa – e recontar pra quem quiser. Assista aos videos, escute os áudios e mergulhe nas fotos: tudo reunido no Conteúdo Complementar.

 

ÁLBUM DE FAMÍLIA

Quantas formas existem de se contar uma história? Álbum de família – Aventuranças, memórias e efabulações da trupe familiar Carroça de mamulengos é uma biografia poética, a biofantasia da trupe familiar Carroça de Mamulengos, uma das mais importantes companhias culturais do País, pela escritora, jornalista, documentarista  e crítica teatral Gabriela Romeu, com ilustrações de Catarina Bessell e apresentação de Chico César.

O grupo mambembe foi criado há mais de 40 anos, na década de 1970, por Carlos Gomide, o Babau, menino de muitos sonhos, discípulo de mestres bonequeiros do nordeste tradicional, que se enamorou de uma moça de grandes saias rodadas e com ela se aventurou pela arte e pela vida. No espetáculo da vida, nasceram os oito filhos, todos crescidos na estrada, cada um com um talento diferente para desvendar o mundo, todos com o coração nalgum lugar lá dentro a pular a folia dos mestres, a canção das tradições, a confiar em Padim Ciço. Cada menino que vinha ao mundo era pra inaugurar uma cena nova no espetáculo da vida.

A primeira edição do livro, ilustrado por Catarina Bessell a partir do baú de fotografias da família Gomide, traz ainda um segundo volume, intitulado Porta-Retratos, com imagens da trupe e um perfil de cada integrante. Esta edição contou com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Distrito Federal. O download é livre e gratuito.

 

LÁ NO MEU QUINTAL

Lá no meu quintal – O brincar de meninas e meninos de Norte a Sul, é resultado do Projeto Infâncias e de oito anos de incursões pelo Brasil profundo, e busca retratar a riqueza e a diversidade dos brincares nas diferentes regiões do país. O livro é de autoria de Gabriela Romeu e Marlene Peret, com ilustrações de Kammal e fotografia de Samuel Macedo.

O brincar é uma espécie de língua-mãe da infância. E foi por meio dessa linguagem que os autores conheceram o Brasil, conectando-se com as crianças das beiradas de rios, dos grandes centros urbanos, de comunidades quilombolas e povos indígenas – regiões algumas vezes próximas, outras bem distantes. Os registros dessa longa viagem que se iniciou em 2011, em textos, vídeos e fotos, estão reunidos neste livro, permeado dos saberes, narrativas e vivências compartilhadas com crianças em seus quintais. Nas páginas, os QR codes levam a cada material, que também se encontram reunidos no Conteúdo complementar.

Assim, o livro fala dos encontros com Valdecir no Sul, com Milena no Sudeste, Welleton e Joel no Centro-oeste, Laísa no Nordeste e Arawari no Norte. São feitos retratos daquele exato instante, daquele peculiar saber infantil, que é de cada um, mas é tão comum a todos – afinal, as brincadeiras mudam de nome, mas, em suas diferentes versões, compõem a linguagem universal do brincar.

 

IRMÃS DA CHUVA

“Esta história aconteceu durante sete dias de tempestade, entre duas rezas e mandingas, um bocado de verso rimado, outro tanto de encantaria e cantoria e uma travessia envolvendo duas irmãs gêmeas benzedeiras e todo o povo de Tururu do Sul, vilarejo onde a hora era anunciada pelo sino da igreja à tardinha.”

No desenrolar da narrativa fantástica presente em Irmãs da chuva, que brinca com o sincretismo dos saberes do homem e as forças da natureza, o leitor vai reconhecer o encanto e a graça da cultura do Brasil mais profundo, ouvir os ecos de crenças e invenciones dos muitos sertões brasileiros, que resistem na voz e coração de cantadores e contadores, de violas e pelejas, benzedeiras e suas proezas. Um verdadeiro conto de fadas brasileiro, ambientado entre o real e o imaginário, a poesia bordando a paisagem.

As gravuras criadas pela artista Anabella López, argentina que adotou o nordeste brasileiro como residência e fonte criadora, recriam o imaginário sertanejo por meio da linguagem simbólica da narrativa do herói, das cartas do tarô, das runas e outras formas divinatórias.

 

 

 

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