"A menor ilha do mundo": estreia de Tatiana Filinto - Editora Peirópolis

"A menor ilha do mundo": estreia de Tatiana Filinto

A Grão Editora lança em setembro o seu quarto título, A menor ilha do mundo, história de uma ilhota que guarda a sete chaves um grande segredo. Do texto de Tatiana Filinto ilustrado por Graziella Mattar emergem questões afetivas fundamentais que convidam a uma leitura compartilhada entre pais e filhos. O lançamento animou a Livraria da Vila, na Vila Madalena, em outubro passado. Leia em seguida entrevista com a autora.

Nova geração de autores infantojuvenis

Nascidas nos anos 70, Tatiana e Graziella fazem parte da nova geração de autores da literatura infantil e juvenil, tendo ainda em comum a formação em psicologia, que contribui para a abordagem sutil e perspicaz de questões subjetivas.

Este livro teve o incentivo do escritor Ignácio de Loyola Brandão, que ao ler A menor ilha do mundo fez o seguinte comentário: “gostei demais, me fez bem ler. Reli outra vez. É sintético, poético, gostoso e tem alguma coisa por trás que vai obrigar as pessoas a lerem e a pensarem. Gosto de textos enigmáticos assim. E também transparentes.”

O livro foi editado em parceria com o Instituto Fazendo História, que tem a missão de contribuir com a qualidade de vida de crianças e adolescentes que, por diferentes motivos, vivem temporariamente separados de suas famílias em instituições de acolhimento, os abrigos.

Segue entrevista realizada por nossa assessoria de imprensa com a autora:

Communica – Como surgiu a ideia para a criação da obra?
Tatiana Filinto – Estava andando por uma praia na Costa Rica, observando meu marido surfar. Perto do ponto onde quebravam as ondas, vi uma ilhota pequenina com uma única árvore “em cima”. A menor ilha do mundo. Quis tirar uma foto para contar uma história para minha sobrinha e fui “escrevendo” enquanto andava de volta para a pousada. Quando cheguei do outro lado da praia, percebi que tinha inventado uma história que parecia bacana. Subi para o quarto e anotei no meu caderninho. Foi isso. A ilha, no começo, não era metáfora de nada.

O que te levou à metáfora do segredo?
Como sou psicanalista e atendo em consultório, sei que manter em segredo questões importantes, em geral, tem “poder de ímã” para outros tantos núcleos conflitivos. Poder nomear aumenta a possibilidade de produzir sentido para cada um de nós. Guardar um segredo, em si, não é nocivo. O que me parece ruim é pensar que não se pode compartilhar com ninguém ou de nenhuma forma. Era isto que a ilha não sabia…

Qual a faixa etária indicada para o livro?
Os livros infantis mais bacanas que conheço, pego na mão, cheiro, namoro etc., penso não corresponder a alguma faixa etária específica, mas a todos os adultos, adolescentes e crianças que se dispuserem a ler, folhear, amassar, desamassar, colocar no colo para ler, olhar, tentar ler, ler para alguém, ler sozinho, deixar ao lado durante uma brincadeira… Outro tipo de resposta incluiria uma característica bacana deste livro que são as letras de forma modelo caps lock. Este tipo de letra ajuda o pré-leitor de cinco a sete anos a atrever-se a ler sozinho ou para irmãos, por exemplo. Minha filha de quatro anos já curte a história, presta atenção à narrativa e ama as ilustrações. Já meu filho de dois anos e meio tem sua atenção voltada para os barcos, o monstro verde, a baleia etc. Os pré-adolescentes de oito a doze anos olharão com certa desconfiança para a ilustração, mas se o livro for apresentado, mediado por um adulto interessado nesta mediação, muito provavelmente serão capturados pela metáfora da ilha que possui um segredo e que quase afunda por pensar não poder compartilhá-lo com ninguém. Estão entrando na fase dos segredos, grandes e pequenos.

Você participou do processo de criação das ilustrações? Qual a importância da imagem neste livro?
Eu convidei a Graziella Mattar para ilustrar este livro. Gosto muito da forma com que ela ilustra e do diálogo que se abre com o mundo através das imagens. A menor ilha do mundo é um casamento em que o texto se beneficia das imagens e vice-versa. As imagens o enriquecem e complementam. Livro infantil tem que ter imagem; em geral, é através delas que as crianças estabelecem o primeiro contato com o livro. Depois vem o título, que precisa ser atraente, enigmático, convidativo. E daí o texto, que vai transportando o leitor como uma pessoa numa bóia, descendo ou subindo um rio.

Para você, qual é a importância da leitura na infância?
Ela amplia o mundo de cada um e ao mesmo tempo socializa experiências que são do campo coletivo. Ela é generosa por possibilitar à criança identificações, pensar outras possibilidades para situações vividas e, talvez o mais fundamental, possibilitar a fantasia. A criança que não recebe uma história ou não lê (texto e/ou imagens) tem seu imaginário empobrecido. Motivo maior talvez não tenha, não é?!

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