Posfácio Cinderela do Rio – Bel Santos Mayer - Editora Peirópolis

Posfácio Cinderela do Rio – Bel Santos Mayer

É bastante provável que você já tenha escutado lido ou visto algumas versões de “Cinderela”, conto de fadas conhecido de norte a sul do mundo e de ponta a ponta do nosso Brasil. Porém, faltava essa história fantástica contada com sotaque e melodias das águas mais internas do nosso país, agora passada da “Boca para o Papel” pela Cia. Chaveiroeiro.

Este livro nos faz pensar no significado de ser Cinderela em um contexto de desigualdades como o brasileiro, que diz concordar com o fim do trabalho infantil até 2025, mas convive com cerca de 1,8 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos nessa situação. São muitas as Mariazinhas que, em vez de estarem estudando, brincando, participando de atividades culturais, ficam limpando casas, cuidando de outras crianças, vendendo balas nas ruas.

E tudo isso com a aprovação de boa parte da sociedade, que acha que é “melhor trabalhar que roubar”, que famílias pobres precisam da mão de obra de suas filhas ou filhos para ter uma vida melhor, que, dando uma filha, elas terão uma boca a menos para alimentar.  Visões preconceituosas, de quem pensa que as famílias em situação de pobreza e miséria não amam suas crias, precisam se virar sozinhas para educar, cuidar, proteger seus filhos e filhas, esquecendo que é dever e responsabilidade da família, dos governos e de toda a sociedade cuidar do presente e do futuro das crianças e adolescentes.

Emociona ler os jeitos encantados e encantadores que a mãe de Mariazinha encontra para proteger e livrar sua menina da maldade, feito as mães lavadeiras, faxineiras, domésticas que fazem de tudo para criar mestras, doutoras, escritoras.

Temos em mãos um livro que nos lembra que, se quisermos um Brasil mais leitor, com mais oportunidades culturais, mais sonhos e sem desigualdades, crianças e adolescentes não devem trabalhar – crianças e adolescentes precisam brincar, estudar, ler. Uma obra para cada pessoa que já encontrou ou busca o seu lugar no mundo, para frear as maldades e os falsos cuidados que geram crianças e adolescentes com “quase dignidade”, “quase abandonados à própria sorte”. Uma leitura para nos lembrar que o nosso país precisa de menos sorte e de mais encantamentos e ações encantadas, como os proporcionados por estas páginas encantadoras.

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